“A imensa valorização que a aparência recebe em nossa sociedade, e por expressar valores construídos socialmente e compartilhados, é capaz de afetar globalmente a maneira como aprendemos a lidar com nosso corpo.”, analisa a socióloga e professora da Universidade Federal do Paraná Rubia Giordani.
Seguindo a temática da autoimagem, neste post vou escrever um pouco sobre quando esta questão se torna patológica e porque é difícil reconhecer o problema.
A necessidade de mudanças no próprio corpo causada por uma preocupação com um ou mais defeitos inexistentes ou sutis da aparência causando forte angústia e/ou prejudicando a capacidade funcional do indivíduo pode ser caracterizada por um Transtorno Dismórfico Corporal, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).
É diagnosticável por quatro critérios necessariamente presentes:
(i) o indivíduo preocupa-se com um defeito na aparência física (que não são observáveis ou aparentam ser mínimas para os outros) e se uma mínima anomalia está presente, tem preocupação marcadamente excessiva com essa;
(ii) durante o curso da doença, o indivíduo realiza comportamentos repetitivos (por exemplo, verificações no espelho, escoriação neurótica e pedir opinião de amigos e familiares sobre o defeito) ou atos mentais (por exemplo, comparando a sua aparência com a dos outros) em resposta para os problemas de aparência;
(iii) a preocupação deve causar estresse significativo ou prejuízo na vida social, ocupacional ou outras áreas do funcionamento; (iv) essas queixas não podem ser caracterizadas como outro transtorno mental, tais como a anorexia nervosa (Conrado, 2009; American Psychiatric Association, 2013).
Geralmente se inicia durante a adolescência e possivelmente ocorre com um pouco mais de frequência nas mulheres afetando em torno de 2% a 3% da população (ou seja aquela prima, vizinha que é vaidosa não necessariamente tem transtorno).
Traços comuns nas histórias de vida dos pacientes, com grande incidência de práticas educativas coercitivas, baixa habilidade social, grande valorização da aparência por pessoas com as quais conviveram durante a infância e eventos desagradáveis relacionados à parte do corpo com que se preocupavam.
É difícil reconhecimento, pois as pessoas com este transtorno dificilmente procuraria um médico psiquiatra, mas sim um médico dermatologista ou centros de estética uma vez que acreditam que seus problemas advêm diretamente do defeito físico. A realização de procedimentos estéticos, no entanto, ao contrário de aliviar os sintomas causa mais transtornos, já que em geral, promete resultados tão irreais quanto o defeito imaginado.
Portanto se sua imagem te causa qualquer tipo de angústia, se você se percebe extremamente preocupada com sua aparência física não hesite em procurar ajuda profissional. Lembre-se tudo que está em excesso não é saudável.
Fontes: Equívocos de autoimagem, transtornos e qualidade de vidaPor Cassiana Perez; Janaina Quitério; Juliana Passoshttp://comciencia.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-76542013000900006&lng=pt&nrm=iso
Transtorno Dismórfico Corporal: revisão da literaturahttp://pepsic.bvsalud.org/pdf/cclin/v9n2/v9n2a10.pdf
Transtorno Dismórfico Corporal:https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-de-sa%C3%BAde-mental/transtorno-obsessivo-compulsivo-e-dist%C3%BArbios-relacionados/transtorno-dism%C3%B3rfico-corporal